Friday, October 17, 2008



Mais guincho, é incontornável.
O Chiado e o Guincho são dois pontos opostos mas que tenho sempre presentes na minha vida, se não estou num lado estou no outro. E sempre tão prontos a ser desenhados...


descobri que o diário gráfico é o melhor para se ter à mão nas salas de espera mais dolorosas. Temos alguma coisa para fazer e as pessoas à nossa volta estão de tal forma dormentes da espera que nem reparam que estão a ser observadas meticulosamente.
tem havido tempo para desenhar, mas pouco para o digitalizar.
Diário nº2, em estreia absoluta, da janela do nº 18 da Rua das Flores, uma das minhas vistas favoritas.

Wednesday, October 1, 2008



tenho o privilégio de morar no início da estrada do guincho, e sempre que posso dou um saltinho à minha praia, seja verão ou inverno, nem que sejam uns minutos só para dizer "olá". desligo o motor do carro (porque a estrada do guincho é a descer, e subir custa) e fico a absorver toda aquela actividade das ondas, do vento, das gentes, dos carros, gaivotas. É uma praia linda de morrer, das mais bonitas que conheço. Com a recente paixão pelos diários, tive obviamente que apresentá-lo ao meu Guincho.
Uns desenhos que o "Mestre" João Catarino ia gostar com certeza, nem que seja pelo tema.

o desenho não ficou grande coisa mas mostra o caos que é o atelier da minha mãe. queria passar para o meu diário a confusão de papéis que forram as paredes mas acabou por ficar uma grande trapalhada. Senti-me aquelas crianças que as mães levam para o trabalho e entretêm com uma folha de papel e uns lápis a "fazer uns bonecos".

como boa portuguesa não passo sem a minha sardinha (e esta era bem mais gordinha e pequena do que no desenho)...

estava à espera de um amigo no Largo de Camões, chegou-se um senhor ao pé de mim com uma máquina fotográfica descartável e pediu, com sotaque das beiras "oh menina! posso tirar uma fotografia?". Eu fiz que sim com a cabeça, afastei-me do desenho, e ele completou: "não, não, à menina!".
Das coisas mais bizarras que me aconteceram.

Wednesday, September 24, 2008



O Cais do Sodré está cheio de cantinhos que apetece guardar. Hoje sentados na tasquinha do costume (que ninguém sabe o nome) e depois no nosso café na ginginha houve brainstormings ao som da minha atarefada caneta bic.

acho que estou viciada nisto dos desenhos. Agora a loja do cidadão até é bastanto rápida, dantes fazer o B.I era qualquer coisa que nos levava uma manhã inteira e metade de uma tarde, tinhamos que levar farnel, duas revistas e 4 cassetes (sim, no tempo das cassetes)... agora quando nos sentamos já nos estão a chamar, e hoje mal tive tempo para rabiscar o guichet onde fui levantar a minha certidão de nascimento...

Monday, September 22, 2008


aprendi esta semana passada - entre muitas outras coisas - que a imperfeição torna tudo mais interessante. Posso aplicar a teoria em muita coisa mas neste momento falo dos desenhos. Aprendi em miúda (naquelas ateliers privados de desenho onde era só eu, a professora e os ponteiros do relógio) a procurar a forma perfeita, a sombrinha, o degradé, os cabelinhos e a expressão captada ao milímetro e no final o resultado eram quadrinhos pirosos que podia vender na Rua Augusta.
Afinal sinto-me bem mais feliz ao ver um traço torto e um desenho meio infantil.

Enchi o depósito do meu maravilhoso pincel-portátil com café, por isso durante algum tempo esse material vai ser uma constante. Mas até gosto, da cor e do cheiro.

Sunday, September 21, 2008


ando há dias a tentar apanhar a Amália sossegada para conseguir desenhar. Coisa que é impossível então optei por persegui-la pela casa. Acabei cansada e com 2 páginas com rabiscos remotamente semelhantes a um gato, mas até gostei daquela raposa/chihuahua da direita.

Como ainda tenho pouca prática em esconder do meu alvo que o estou a desenhar, fui imediatamente topada por este senhor, que até achou piada e passou o almoço a comentar com a mulher todos os meus movimentos "olha que engraçado agora a miúda está a molhar o pincel no café para fazer as sombras...".
Como o título foi das primeiras coisas que fiz no desenho, passei o almoço todo a morrer de medo que o senhor me pedisse para ver o resultado...

(a senhora tem a cabeça espalmada porque as paginas levantaram-se no meio do caderno e só reparei aqui.......!)

Saturday, September 20, 2008


Apesar dos solavancos do comboio serem à partida algo incómodos, acho que até dão sal ao desenho, popula o comboio de papel de personagens monstro.

Friday, September 19, 2008

Workshop VII - Fim



E assim ficou para trás 5 dias intensivos de grandes caminhadas de mochila às costas e pincel em riste prontos para apanhar uma imagem e guardá-la em papel.
Tudo correu bem, mesmo quando não correu bem, e vai deixar saudades.

Workshop VII - Lisboa Vista de cima





O último dia foi passado a ver Lisboa de cima, a contar telhados entre a Graça e a Senhora do Monte. A inspirar o ar de Lisboa que é afinal uma das cidades mais bonitas que conheço e que só aprecio depois de passar uma semana inteira a absorvê-la e a olhá-la com olhos "de ver". Foi o dia mais livre, o dia das técnicas mistas, de fazer experiências e de começar a sentir falta desta rotina.

Workshop VI - O 28



A caminho da Graça num 28 aos solavancos, fui apanhando com dificuldade pessoas, conversas, ruas e bocados de madeira a que chamei elétrico. Foi para mim dos melhores momentos da semana, as alucinantes viagens no 28 ao sabor do pé de chumbo do condutor que até deu sal ao desenho e ao som das conversas alheias.

Workshop V - O Café



Uma das paragens foi o café Nicola. Já sabíamos que mais cedo ou mais tarde ia chegar o ansiado momento de desenhar com o pincel molhado no café, e assim passámos uma tarde onde antes se sentou Bocage e Malhoa a desenhar-nos uns aos outros com três cafés cheios à frente. Digno de nota, o café Delta tem um tom mais escuro do que o Nicola.

Workshop IV - As praças


depois dos miradouros, jardins, ruas estreitas e lojas, era a vez das praças e largos. E das tintas. E das insolações e cagadas de pombos. Por esta altura já não havia qualquer pudor de me espalhar no chão do Rossio com as aguarelas abertas, e pela primeira vez ouvi um casal de turistas alemães parar atrás de mim e exclamar "Schon!". Respondi um "Danke" sorridente sabendo perfeitamente que tinha entre mãos uma cagada de aguarela primária....

largo das Belas Artes e Rossio (apesar de estar escrito Restauradores)

Workshop III - Os Pombos



foram a nossa companhia durante os 5 dias.
Mais ou menos hostis, e apesar de serem ratazanas com asas propagadoras de doenças, acabámos por nos habituar à sua presença e até acabaram por protagonizar páginas e páginas dos diários.

Nas páginas de cima foi pedido que, sem nunca olhar para a folha ou tirar a caneta do papel, desenhar uns pombos a seguir aos outros acompanhando os movimentos. Nas páginas de baixo, a ideia era captar com uma só cor de aguarela os diferentes tons das penas. Infelizmente só 2 se assemelham a pombos, os 2 ficaram entre a perdiz e a galinha.

Workshop II - Dia da mancha






cheguei a casa com bolhas nos pés e manchas de tinta da china em sítios inexplicáveis. Foi no segundo dia que comecei a perder o pudor (talvez à força) de me sentar no meio da rua e montar a barraca de pinceis e tintas. E assim que se consegue ignorar os turistas e os olhares indiscretos sobre o nosso trabalho, até sabe bem ser uma ave rara no meio de Lisboa, enquanto todos se apressam para apanhar autocarros, para chegar a horas ao emprego, a carregar sacos de compras, nós criamos bolhas de concentração e apesar das normais regras ditadas pelos nossos orientadores (sem olhar, mão esquerda, sem tirar a mão.....) os resultados começavam a ficar mais dignos de se pendurar numa parede.
Nem que seja a da arrecadação.

Arco da Rua Augusta, Campo das Cebolas